Pequenas fortalezas
Quem não se sentiu já, enquanto a conduzir, invencível? Protegidos por uma barreira qualquer, que nos permite fazer e dizer o que nos apetece aos outros condutores, lá vamos cometendo as maiores atrocidades ao próximo!
Pois também todos já estivémos do outro lado. O lado que apanha com uma besta qualquer a fazer asneira, que ainda por cima ralha connosco e nos insulta. Pois é sobre estes pequenos filhos da puta de que vos pretendo falar. Eles, não nós. Nós se o fazemos é porque é merecido.
No entanto todos nós mantemos algum autocontrole. Em mim esse autocontrole anda a diminuir a passos largos. Dou comigo a ter sentimentos de ódio puro para contra esses pequenos vermes que alguém pôs no meu caminho. Vontade de lhes esmagar a cabeça com um tijolo. Com medo de um capricho do destino me colocar uma desses abortos da criação à minha frente num desses ataques.
No outro dia alguém me buzina aos ouvidos estando eu numa passadeira. Olho para o lado e vejo um beto nojento ao volante de um Audi, dei por mim a ser levado por uma força que não tive vontade de controlar e gritei com aquele filho da puta. Confesso que quase tive vontade que ele iniciasse as hostilidades (não que tivesse certeza de sucesso, mas nessa altura nem quis saber). Mas uma vez despojado da sua pequena fortaleza, o merdas decidiu arrancar, balbuciando ameaças de quem foi apanhado desprevenido e regressou à sua sensação de impunidade, por momentos abalada.
Quem me conhece sabe que sou aquele merdas que só bateu uma vez em alguém quando andava no 6º ano do ciclo, a um gordalhufo que apalpou a minha namorada. Agora com ódios de morte dirigidos a anónimos.
Pensando nisto, o melhor que tenho a fazer é ir para casa e arrear em prostitutas no Vice City!