Adeus, Carlitos
Se havia dias que me assustavam até ontem eram o dia em que o mundo acabasse e o dia em que Carlos Cravalhas abandonasse a liderança do PCP. Pensava também que Carlos Carvalhas só abandonaria o cargo quando o mundo acabasse ou que o mundo acabasse no dia em Carlos Carvalhas abandonasse a liderança do PCP. Mas não, o mundo não se compadece e a vida continua. Para sempre ficarão nas nossas memórias os seus discursos sibilantes, os seus clichés comunistas pejados de termos como proletariado, classe operária, inimigos da reforma agrária, agentes do imperialismo e Alentejo, os seus cabelos grisalhos, as suas camisolas vermelhas oferecidas pela Odete Santos que as comprou na praça de Setúbal, as suas camisas beges, cor da pele do operário fabril que não tem nem tempo nem dinheiro para ir á praia, as suas calças castanhas, cor da pele curtida pelo sol dos lavradores do Alentejo, os seus dentes amarelos, cor das searas... enfim! Tens o povo em ti, Carlos! Também eu te quero agradecer! Obrigado!