Sai nos dias de maior fluxo

terça-feira, julho 20, 2004

Ó tempo volta pa trás

Inauguro hoje uma nova rubrica n'O Período, que caso tenha o sucesso de todas as anteriores rubricas deste periódico menstrual, começa e acaba hoje.
Resolvi inaugurar este novo espaço, «Ó tempo volta pa trás», com um jogo, para o saudoso ZX Spectrum, que fez as delícias de muitas crianças que nos longínquos anos oitenta não tinham a facilidade de acesso à pornografia que os jovens de hoje têm. Falo-vos de Paradise Café, esse brilhante jogo, desenvolvido por programadores portugueses, que veio ensinar a todas as crianças -  excepto as da casa-pia, pois essas já tinham aprendido com o Tio Carlos - frases como: "Ai que caralhinho"; "Quero comer-te o cu"; "Venho-me aqui e agora".
O objectivo do jogo era acumular o máximo de pontos através de idas às putas, tráfico de droga, ou enrabanço de senhoras da terceira idade. 

 
O nosso herói anónimo – o facto de não ter nome permitia-nos encarnar melhor a personagem – vagueava por um corredor infindável cheio de portas. Apesar de hoje em dia o seu look nos parecer um tanto ou quanto rabeta, não nos esqueçamos que por esta altura todos nós achávamos o Vanilla Ice estiloso.  
  
  
Existiam várias personagens no jogo, bastava-nos abrir as portas para interagir com velhas, ladrões, prostitutas e polícias. Ocasionalmente também podíamos encontrar uma porta que nos levavam ao Paradise Café. Local onde se transaccionava droga e armas de fogo. Enfim, o habitual.
  
  
Podíamos assaltar pobres velhinhas, o que era manifestamente pouco ético. Em vez disso era bastante mais agradável dar umas enrabadelas nas velhotas. Sempre lhes atenuava as dores de reumático.

   
Sempre que nos deparássemos com um ladrão existiam duas hipóteses, ou éramos assaltados ou ele limitava-se a pedir lume. O mais frequente era o ladrão levar um balázio, e depois choramingar, à laia Paulo Bento, que apenas queria lume.
De salientar que a péssima indumentária do ladrão ajudava a este comportamento Clint Eastwood de disparar primeiro e perguntar depois. Nunca suportei gajos vestidos de cabedal.  
 
   
O bófia só nos prendia se não tivéssemos documentos. Só ficávamos sem documentos se fossemos assaltados. Só podíamos ser assaltados pelo ladrão. Nunca éramos assaltados porque o amante de cabedal levava sempre um tiro nos cornos antes de soltar um pio. Simples.

   
Eis que chegamos à personagem fulcral do jogo, a puta. As putas envergavam todas o mesmo conjuntinho roxo, mas o nosso herói ficava sempre com um torcicolo mal as via.  
 
   
Uma vez dentro do quarto da puta, o nosso herói tinha três opções: sexo convencional, oral ou anal. Os preços oscilavam entre os 1000$00 e 3000$00. Usualmente pagávamos mais por um broche do que por uma canzana, quiçá este fosse o único erro do jogo.  
 
   
Caso não tivéssemos dinheiro para pagar à puta, entrava Reinaldo em acção. 

  
O castigo era óbvio.

Escorredores de Serviço



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