Sai nos dias de maior fluxo

terça-feira, janeiro 13, 2004

Dança gestual

Estava eu numa das muitas confortáveis salas de espera de um hospital do Serviço Nacional de Saúde quando, na televisão que se encontrava ligada (de facto uma melhoria de há uns tempos para cá) e no programa SIC 10 horas, se inicia mais um momento musical.

Neste caso, Filipe Santos, um recém-descoberto talento musical (ou não) português, preparava-se para cantar o seu mais recente, primeiro e único sucesso. Até aqui, nada de novo, mas eis que, subitamente, no canto inferior esquerdo do ecrã se abre uma pequena janela que mostrava uma senhora, nitidamente à espera de algo. Quando Filipe, em bom playback, inicia a sua prestação, a mesma senhora, que tão pacientemente aguardava, inicia uma comunicação gestual frenética. Pois é, caros leitores, esta senhora estava a traduzir para linguagem gestual, toda a letra que o nosso jovem músico cantava.

Estava ainda a recuperar da surpresa quando a mesma senhora, à medida que traduzia, dançava no seu pequeno quadradinho, sendo que os próprios gestos, também ritmados, pareciam uma actuação elaborada de Marco Paulo.

Rapidamente surgiu um dilema na minha cabeça, como reagir a esta situação? Deverei olhar para esta situação com o respeito que merece, ou dever-me-ei rir da figurinha dançante no seu quadradinho do canto inferior esquerdo do ecrã? A minha natureza levou a melhor, comecei a rir baixinho, tentando ocultar o facto da restante população da sala de espera, com medo dos olhares reprovadores da ala idosa desta divisão do hospital.

Escorredores de Serviço



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