Quando a balança pende demasiado para um só lado
Assistir a um debate da Assembleia da República, ainda que na televisão, é um misto de emoções, que só quem passou por isso pode compreender. Interesse, desinteresse, vontade de rir, vontade de chorar, vontade de bater, vontade de bocejar, vontade (e eventual acto) de mudar de canal; há de tudo um pouco no nosso espírito, durante uma só sessão.
No entanto, hoje, dei comigo a prestar atenção a uma característica desta arena de emoções: a imparcialidade daquele que devia ser o árbitro da Assembleia - o nosso orgulhoso e efeminado açoriano Mota Amaral.
Cada vez que um deputado, que não pertença à coligação da maioria, pretende falar, tem que passar primeiro pelo crivo burocrático do Presidente da Assembleia. Este constitui uma primeira defesa para o, neste caso, interpelado Primeiro Ministro, colocando todo o tipo de obstáculos ao uso da palavra de quem não esteja do lado do governo.
Temos então um Presidente da Assembleia da República, o número dois na hierarquia da República Portuguesa, transformado no sabujo do governo da coligação.