Orgulhosamente sós
Abandonámos oficialmente a máxima da ditadura de Salazar mas, na verdade, o nosso comportamento tarda em mudar. Em 1986 entrámos para a União Europeia mas, ao que parece, só a ela recorremos na altura de ir buscar subsídios para comprar viaturas de todo-o-terreno.
A verdade, meus caros leitores, é que quando chega a altura de beneficiarmos da experiência dos ditos países mais desenvolvidos, fazemos orelhas moucas e prosseguimos como bem entendemos. Um exemplo deste comportamento autista é a auto-estrada do Algarve. Para não seguirmos as regras ambientais impostas pela União Europeia, perdemos o financiamento europeu. Para poder seguir um determinado traçado que iria prejudicar o ecossistema envolvente, o governo português gastou, desnecessariamente, dinheiro dos contribuintes.
O caso mais recente e escandaloso é o da penalização da interrupção voluntária da gravidez. Portugal e Irlanda são os únicos dois países da União Europeia cuja legislação penaliza as mulheres por prática de aborto. Mais uma vez recusamo-nos a ouvir as recomendações da União Europeia, à qual pertencemos, que vão no sentido da alteração desta lei, abolindo a penalização destas mesmas mulheres.
Para além de subdesenvolvidos, recusamo-nos a ouvir quem mais experiência tem no assunto. Por vontade da ala que defende a continuação desta lei, teríamos touros de morte e, logo depois, autos-de-fé das mulheres que abortaram como after-party.
Já dizia o outro - Dêem-lhes pão e circo...